Doze anos após Macunaíma (1969), baseado na obra homônima de Mário de Andrade, Joaquim Pedro de Andrade busca na literatura do outro Andrade - o polêmico escritor Oswald (1890-1954) - a inspiração para O Homem do Pau-Brasil (1981), seu derradeiro longa-metragem.
O resultado é uma comédia inteligente e criativa que faz jus à sua fonte inspiradora. Joaquim Pedro realizou um filme sobre a vida de Oswald que passa ao largo das cinebiografias convencionais. Porém, nas próprias palavras do diretor, o filme “foi feito para quem não sabe de Oswald de Andrade. Para gostar do filme basta ser esperto, irreverente e ter senso de humor – qualidades brasileiras”.
Na película estão presentes as grandes figuras que conviveram com o escritor, como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Anita Malfatti, Paulo Prado, Blaise Cendrars, Patrícia Galvão (Pagu), Heitor Villa-Lobos, dentre outros. Porém, nem todos permanecem com os seus respectivos nomes ou identificações físicas, o que neste sentido, exige do espectador referências prévias destas proeminentes figuras que fizeram parte daquela geração de modernistas. Tarsila, por exemplo, é retratada como Branca Clara, revivida pela presença luminosa de Dina Sfat, Pagu é Rosa Lituana (Dora Pellegrino) e Isadora Duncan é Diva (Juliana carneiro da Cunha); uma improvável Susana de Moraes aparece na pele de Villa-Lobos, assim como Dona Olívia, a anfitriã dos modernistas em São Paulo, tornou-se Dona Azeitona, defendida pelo talento e simpatia de Etty Frazer. Porém, pode-se dizer que o “espírito” daqueles personagens que conviveram com Oswald de Andrade permanece nas sutilezas e entrelinhas do filme. Basta lançar um olhar mais atento para que sejam percebidas tais nuanças.
Oswald, por sua vez, é representado simultaneamente por Ítala Nandi e Flávio Galvão, na grande sacada de JPA, que afirma que “quem procurar o Oswald no filme não acha, porque não tem um, tem dois. Uma mulher e um homem, gerados pelo mesmo personagem. Curtem as mesmas mulheres, as mesmas camas e uma intimidade insólita”. Lalá (Regina Duarte), Dorotéia (Cristina Aché), Branca Clara (Dina Sfat) e Rosa Lituana (Dora Pellegrino) são as mulheres com quem os dois Oswalds dividem a cama e as idéias. Idéias que não paravam de fervilhar na cabeça do escritor de Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933), que foi um verdadeiro mutante e cuja tônica da obra permanece presente no filme.
Dedicado a Glauber Rocha, o filme premiado no Festival de Cinema de Brasília em 1981, esteve distante de ser uma unanimidade na época de seu lançamento. Críticas negativas suscitaram uma reação do diretor que publicou o na edição de 06 de março de 1982 da Folha de São Paulo, o texto “O Matriarcado Antropofágico” (leia). Provavelmente ainda hoje, com seu recente lançamento em DVD, não seja o filme uma unanimidade. Isso, porém, quer dizer pouco, já que seu caráter polêmico concorre para que não seja esta uma obra em vão.
A edição em DVD traz como bônus o curta Cinema Novo (1967) e nos extras “O Tempo e a Glória” (1981, 9 min.), um passeio lírico no bairro da Glória, Rio de Janeiro, por Pedro Nava, com apresentação e direção de Joaquim pedro de Andrade; “O Cinema Novo revisto por Carlos Diegues, Domingos de Oliveira e Nelson Pereira dos Santos” (2007, 20 min.); “Marília gabriela entrevista Joaquim Pedro e Cristina Aché” (1981, 8 min.); “Susana de Moraes fala sobre O Homem do Pau-Brasil” (2007, 11 min.). No encarte desta edição seguem os textos “Manifesto Antropofágico”, de Oswald de Andrade; Texto de Joaquim Pedro sobre O Homem do Pau-Brasil; “O Homem do Pau-Brasil na Cidade dele”, de Alexandre Eulálio e “Censura na Abertura”, de Leonor Silva Pinto.
Leia edição da Revista Remate de Males sobre Oswald de Andrade (clique)
O Homem do Pau-Brasil
(Brasil, 1981)
Produção: Filmes do Serro Ltda.; Lynxfilm S.A.; Embrafilme – Empresa Brasileira de Filmes S.A
Produção executiva: César Mêmolo Júnior
Roteiro: Joaquim Pedro de Andrade
Co-roteirista: Alexandre Eulálio
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Ítala Nandi, Flávio Galvão, Dina Sfat, Cristina Ache, Dora Pellegrino, Regina Duarte, Juliana carneiro da Cunha Paulo Hesse, Etty Frazer, Carlos Gregório, Grande Otello, Othon Bastos, Paulo José, Riva Nimitz, Miriam Muniz, Susana de Moraes, Marcos fayad, Nélson Dantas, Wilson Grey, Patrício Bisso e outros.
fonte: http://blogquemteviuquemteve.blogspot.com/2008/09/o-homem-do-pau-brasil-1981.html
O resultado é uma comédia inteligente e criativa que faz jus à sua fonte inspiradora. Joaquim Pedro realizou um filme sobre a vida de Oswald que passa ao largo das cinebiografias convencionais. Porém, nas próprias palavras do diretor, o filme “foi feito para quem não sabe de Oswald de Andrade. Para gostar do filme basta ser esperto, irreverente e ter senso de humor – qualidades brasileiras”.
Na película estão presentes as grandes figuras que conviveram com o escritor, como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Anita Malfatti, Paulo Prado, Blaise Cendrars, Patrícia Galvão (Pagu), Heitor Villa-Lobos, dentre outros. Porém, nem todos permanecem com os seus respectivos nomes ou identificações físicas, o que neste sentido, exige do espectador referências prévias destas proeminentes figuras que fizeram parte daquela geração de modernistas. Tarsila, por exemplo, é retratada como Branca Clara, revivida pela presença luminosa de Dina Sfat, Pagu é Rosa Lituana (Dora Pellegrino) e Isadora Duncan é Diva (Juliana carneiro da Cunha); uma improvável Susana de Moraes aparece na pele de Villa-Lobos, assim como Dona Olívia, a anfitriã dos modernistas em São Paulo, tornou-se Dona Azeitona, defendida pelo talento e simpatia de Etty Frazer. Porém, pode-se dizer que o “espírito” daqueles personagens que conviveram com Oswald de Andrade permanece nas sutilezas e entrelinhas do filme. Basta lançar um olhar mais atento para que sejam percebidas tais nuanças.
Oswald, por sua vez, é representado simultaneamente por Ítala Nandi e Flávio Galvão, na grande sacada de JPA, que afirma que “quem procurar o Oswald no filme não acha, porque não tem um, tem dois. Uma mulher e um homem, gerados pelo mesmo personagem. Curtem as mesmas mulheres, as mesmas camas e uma intimidade insólita”. Lalá (Regina Duarte), Dorotéia (Cristina Aché), Branca Clara (Dina Sfat) e Rosa Lituana (Dora Pellegrino) são as mulheres com quem os dois Oswalds dividem a cama e as idéias. Idéias que não paravam de fervilhar na cabeça do escritor de Memórias Sentimentais de João Miramar (1924) e Serafim Ponte Grande (1933), que foi um verdadeiro mutante e cuja tônica da obra permanece presente no filme.
Dedicado a Glauber Rocha, o filme premiado no Festival de Cinema de Brasília em 1981, esteve distante de ser uma unanimidade na época de seu lançamento. Críticas negativas suscitaram uma reação do diretor que publicou o na edição de 06 de março de 1982 da Folha de São Paulo, o texto “O Matriarcado Antropofágico” (leia). Provavelmente ainda hoje, com seu recente lançamento em DVD, não seja o filme uma unanimidade. Isso, porém, quer dizer pouco, já que seu caráter polêmico concorre para que não seja esta uma obra em vão.
A edição em DVD traz como bônus o curta Cinema Novo (1967) e nos extras “O Tempo e a Glória” (1981, 9 min.), um passeio lírico no bairro da Glória, Rio de Janeiro, por Pedro Nava, com apresentação e direção de Joaquim pedro de Andrade; “O Cinema Novo revisto por Carlos Diegues, Domingos de Oliveira e Nelson Pereira dos Santos” (2007, 20 min.); “Marília gabriela entrevista Joaquim Pedro e Cristina Aché” (1981, 8 min.); “Susana de Moraes fala sobre O Homem do Pau-Brasil” (2007, 11 min.). No encarte desta edição seguem os textos “Manifesto Antropofágico”, de Oswald de Andrade; Texto de Joaquim Pedro sobre O Homem do Pau-Brasil; “O Homem do Pau-Brasil na Cidade dele”, de Alexandre Eulálio e “Censura na Abertura”, de Leonor Silva Pinto.
Leia edição da Revista Remate de Males sobre Oswald de Andrade (clique)
O Homem do Pau-Brasil
(Brasil, 1981)
Produção: Filmes do Serro Ltda.; Lynxfilm S.A.; Embrafilme – Empresa Brasileira de Filmes S.A
Produção executiva: César Mêmolo Júnior
Roteiro: Joaquim Pedro de Andrade
Co-roteirista: Alexandre Eulálio
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Ítala Nandi, Flávio Galvão, Dina Sfat, Cristina Ache, Dora Pellegrino, Regina Duarte, Juliana carneiro da Cunha Paulo Hesse, Etty Frazer, Carlos Gregório, Grande Otello, Othon Bastos, Paulo José, Riva Nimitz, Miriam Muniz, Susana de Moraes, Marcos fayad, Nélson Dantas, Wilson Grey, Patrício Bisso e outros.
fonte: http://blogquemteviuquemte
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